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Paulo Freire (1921-1997)

  • Foto do escritor: Time EducaTodos
    Time EducaTodos
  • 21 de mai. de 2021
  • 4 min de leitura

Nascido e criado no estado de Pernambuco, no nordeste brasileiro, o escritor, filósofo e educador Paulo Freire revolucionou a educação para sempre e entrou para a história como o fundador de uma nova corrente de pensamento em que o aluno assume protagonismo no processo pedagógico e o lápis (escrita) e seus livros (leitura) passam a ser não só mecanismos de aprendizagem, mas sobretudo ferramentas efetivas na luta por uma vida melhor.


Sua infância foi difícil, principalmente depois que seu pai veio a falecer. Estudou com o auxílio financeiro da escola (Colégio Oswaldo Cruz), a qual, anos mais tarde, passou a ter Paulo como um de seus professores - à época lecionava Língua Portuguesa. Já na Universidade, graduou-se em Direito, mas decidiu não seguir a profissão justamente pela paixão que nutria no íntimo de sua alma pelo exercício de ensinar. Se tornou professor em uma escola de Ensino Médio na periferia da cidade e, por se destacar no cargo, acabou sendo nomeado no ano de 1946 chefe do Departamento de Educação e Cultura do Serviço Social de Pernambuco (o que lhe deu a possibilidade de ter o primeiro contato com a alfabetização de jovens e adultos).


Naquela época, todos esforços pedagógicos eram direcionados ao público infantil (e infanto-juvenil) ao passo que o número de adultos analfabetos só crescia e nenhuma política era elaborada para esse público. Diante daquele cenário, Paulo iniciou seus primeiros trabalhos voltados especificamente para adultos e, dado seu sucesso, foi nomeado em 1961 chefe do Departamento de Extensões Culturais da Universidade do Recife. Logo no ano seguinte, desenvolveu um de seus programas mais marcantes: criou um método que o permitiu alfabetizar 200 cortadores de cana-de-açúcar em apenas 45 dias. Tal experiência resultou no que hoje conhecemos como Método Paulo Freire, que é este sistema que coloca o aluno e suas particularidades no centro do processo educacional que visa ao seu desenvolvimento integral, ou seja, sua libertação e autonomia.


Infelizmente, muitos consideraram sua metodologia de alfabetização ameaçadora e por isso, quando tivemos o golpe militar em 1964, o pensador foi preso e exilado e seu Programa Nacional de Alfabetização proposto pelo presidente João Goulart foi repentinamente interrompido - razão pela qual não conseguimos sanar naquela época este problema que nos acompanha até os dias de hoje.


Durante o exílio publicou importantes obras como “Educação como Prática da Liberdade” e “Pedagogia do Oprimido”, o que lhe rendeu maior reconhecimento e inclusive um convite para ser professor visitante da Universidade de Harvard, em 1969. Depois de um ano ali, Freire mudou-se para Genebra onde trabalhou como consultor educacional do Conselho Mundial de Igrejas, realizando trabalhos em diversas colônias portuguesas na África, mais especificamente na Guiné-Bissau e em Moçambique. Na década de 80, com a anistia, regressou ao Brasil e aqui lecionou na Unicamp, na PUC-SP, se tornou secretário da educação no município de São Paulo, sob a gestão de Luiza Erundina (1989-1993) e fundou, ainda, em 1991, o Instituto Paulo Freire que mantém até hoje seus escritos e seus arquivos e realiza variadas atividades relacionadas ao legado que ele nos deixou. Sua partida foi no dia 2 de maio de 1997, com apenas 75 anos, devido a um ataque cardíaco.


Se dizendo sempre um educando educador e afirmando incessantemente que a leitura do mundo precede a leitura da palavra (motivo pelo qual esta primeira nunca deve ser desconsiderada na prática educativa), Freire apostava em um ensino que enxergava no aluno a singularidade de um sujeito específico, com determinadas dificuldades e habilidades, inserido em certo contexto social. Seu método vai no sentido totalmente contrário tanto daqueles que objetivam simplesmente depositar o máximo de conteúdo possível no educando (a chamada “educação bancária”) quanto daqueles que hoje lutam por uma escola sem ideologia ou “escola sem partido” - sem sequer tomarem consciência de que isto já é uma ideologia ou tomada de partido. Não existe defesa, movimento - ou educação - que não sejam ideológicos. Não é à toa que nos livros de história, o Brasil foi “descoberto” por Portugal, o Iraque foi “ocupado” pelos Estados Unidos, os negros foram simplesmente “trazidos” pelos brancos ao Brasil ou às demais colônias. Por vezes falta a compreensão de que a ideologia é inerente a todo e qualquer discurso - e o discurso de Paulo Freire era marcado por uma ideologia inclusiva e amorosa. A “doutrinação ideológica” (que realmente se fez presente em nossa história recente como país, durante a Ditadura Militar) é no final das contas o medo dos que querem que sua ideologia exclua o outro, a diferença, o ato de ser humano.


Apesar de seus mais de 40 títulos e prêmios reconhecidos internacionalmente, certa vez ele nos disse que gostaria de ser lembrado como uma pessoa que amou profundamente o mundo, as pessoas, as árvores, os bichos e a vida. Que assim seja. Fica aqui a nossa homenagem a todos que acreditam que “não se pode falar em educação sem amor”.





Referências Bibliográficas


FREIRE, Paulo . Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. São Paulo: Paz e Terra, 2004.


FREIRE, Paulo. Pedagogia do oprimido. São Paulo: Paz e Terra, 1974.


FERNANDES, Márcia. Biografia de Paulo Freire. Disponível em: < https://www.todamateria.com.br/paulo-freire >.


CONHEÇA A HISTÓRIA DE PAULO FREIRE, o pernambucano que revolucionou a educação. Correio Braziliense. 14/01/2011. Disponível em: < https://www.correiobraziliense.com.br/app/noticia/ciencia-e-saude/2011/01/14/interna_ciencia_saude,232346/conheca-a-historia-de-paulo-freire-o-pernambucano-revolucionou-a-educacao.shtml >.


PAULO FREIRE. In: WIKIPÉDIA, a enciclopédia livre. Flórida: Wikimedia Foundation, 2021. Disponível em: < https://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Paulo_Freire&oldid=61095051 >.




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